Atualmente, os games de corrida mais respeitados são aqueles que quase deixam de ser jogos para se tornarem simulações da vida real. No entanto, houve uma época em que games de corrida eram valorizados mais por sua falta de realismo e velocidade insana. Estou falando da década de 90, período dominado pelos fliperamas e jogos de corrida insanamente divertidos como Daytona e Crusin’ USA. No meio desses excelentes títulos, a Atari também fez a sua aposta: San Francisco Rush foi lançado para os arcades em 1996, e contava com três pistas gigantescas, cheias de atalhos, e o total de oito corredores na mesma prova. O título fez certo sucesso, mas só veio a se tornar muito respeitado quando foi lançado para Nintendo 64 um ano depois.
Velocidade em 64 bits!
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As provas eram disputadas por oito corredores |
San Francisco Rush era um game com jogabilidade voltada completamente ao Arcade, ou seja, fugia do realismo de um simulador e buscava apenas diversão descompromissada aos jogadores. Sendo assim, Rush era um título com muitas manobras impossíveis, física tão real quanto à originalidade da série New Super Mario Bros. e atalhos tão insanos que chegavam a ser cômicos. Rush era, na verdade, o que Burnout teria sido caso fosse um game de Nintendo 64, extremamente competente, descompromissado e divertido. Inclusive, o título partilhava mais uma semelhança com Burnout: os veículos sofriam danos durante as corridas, e podiam até explodir no caso de batidas mais sérias.
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Os trajetos eram imensos! |
Na época de seu lançamento para o console da Nintendo, uma das maiores preocupações dos jogadores era quanto ao fator replay do título, já que a versão lançada para os Arcades carecia bastante de conteúdo. Felizmente, a versão do título para o console da Nintendo não era apenas um port, e contava com muito mais pistas, carros e segredos a serem desbloqueados. Além disso, ainda havia um modo de treinamento bizarramente viciante, que fazia com que os jogadores gastassem horas explorando livremente as fases em busca de atalhos e segredos. Falando em segredos, cada um dos cenários contava com oito chaves escondidas que, ao serem encontradas, liberavam novos veículos para serem utilizados. Mas não pense que as chaves eram fáceis de serem encontradas! Elas ficavam escondidas em telhados, dentro de paredes, no fundo de lagos e em outros lugares completamente improváveis que desviam bastante de seu percurso.
Aliás, essa era a maior sacada de Rush! A liberdade de exploração e quantidade absurda de atalhos e segredos fazia com que o game durasse por meses, ou até mesmo anos. Todas as pistas eram imensas, e você podia chegar a praticamente todos os lugares que avistasse durante o trajeto. O redator que lhes escreve deve ter gastado uns bons meses de sua vida simplesmente brincando de vasculhar todas as pistas do jogo (mal sabia ele que aquilo era só o começo, já que a sua sequência, Rush 2: Extreme Racing USA conseguiria ser ainda melhor).
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Deve ser muito humilhante perder para um fusquinha |
Falando das corridas em si, que acabavam por ser a parte menos interessante do pacote, a Atari realizou um trabalho muito competente. A inteligência artificial dos competidores era muito acima da média se comparada às de outros títulos da época e o nível de desafio era bem alto. As corridas ainda podiam ser disputadas por até dois jogadores juntamente com outros seis corredores controlados pela IA. O título ainda contava com suporte ao Rumble Pak e tinha os controles completamente customizáveis. Pode parecer pouco nos dias de hoje, mas imagine um título de corrida com tantas qualidades lançado há mais de quinze anos e perceba o quão espetacular era algo tão completo ser lançado para consoles ainda bastante limitados tecnicamente.
O poder do Nintendo 64
San Francisco Rush se aproveitava ao máximo do hardware da Nintendo. Os gráficos eram bastante acima da média e, mesmo com cenários enormes, o jogo não apresentava nenhuma lentidão no modo single-player. Infelizmente, o multiplayer era um pouco prejudicado com isso, mas nada que atrapalhasse muito a experiência. Os carros eram bastante detalhados e o sistema de colisão era excelente, melhor até que o praticamente inexistente de Gran Turismo 5, salvo às devidas proporções.
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As corridas eram muito rápidas! |
O único ponto técnico em que o jogo realmente pecava era em sua qualidade sonora. Tanto os efeitos quanto a própria trilha eram lamentáveis, e quebravam tão imensamente o clima que eu me perguntava porque raios a Atari havia feito aquilo com o jogo. Por sorte, a sequência do game acertava até esse ponto, de forma que o jogo chega ao topo no ranking de melhores games de corrida do Nintendo 64, e um dos melhores já criados, na opinião de quem lhes escreve.
San Francisco Rush foi extremamente recebido por toda a mídia. O famoso e controverso Matt Cassamassina, editor chefe da área nintendista da IGN na época, chegou a afirmar em seu review que o título figurava entre os três melhores do Nintendo 64, estando atrás apenas de GoldenEye 007 e Super Mario 64 (acalmem-se, Zelda ainda não havia sido lançado!). É uma pena que títulos nesse estilo não façam mais tanto sucesso atualmente e que tenham sido deixados de lado em prol de simuladores que, apesar de excelentes, nunca divertirão tanto quanto um bom game com jogabilidade Arcade, que propõe apenas algo sem compromisso. É o jogo perfeito para se divertir com os amigos em um final de semana.
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