Análise: Gravity Rush (PSVita)
Finalmente um jogo que faça jus ao PlayStation Vita. Gravity Rushchamou a atenção logo no primeiro trailer. Talvez pela possibilidade de controlar a gravidade com o sensor de movimento, ou mesmo por sua trama peculiar, logo caiu nas graças do público que esperava ansiosamente por um grande título inovador. Será esse o título responsável pela recuperação do portátil? Para descobrir a resposta, confira nossa análise e viaje com a gente pelo estranho mundo de Kat.
Em outra matéria, argumentei que o PS Vita precisa urgentemente de títulos criativos, que façam bom uso do hardware do aparelho e que, principalmente, não sejam simples ports de consoles.
Amnésia clássica
Você controla Kat, uma jovem que acorda no meio da praça sem saber quem é ou para onde vai. Ela também conta com a ajuda de um gato chamado Dusty, o grande responsável por ela ser capaz de alterar a gravidade. Ao longo do jogo, tudo isso é explicado, mas não vou entregar nada. Muitos mistérios aparecem no início, por que a cidade flutua? O que está acontecendo com a personagem? Que criaturas são essas que aparecem de repente? Enfim, muitas perguntas, nenhuma resposta. Cabe a você ajudar a protagonista e descobrir tudo junto com ela.
Tirando o clichê, a história funciona bem. A narrativa é suave e surpreendente ao mesmo tempo. Nada melhor do que acompanhá-la em bom português. Sim, felizmente essa é uma realidade que está cada vez mais presente no mercado brasileiro. O jogo é muito bem traduzido. A dublagem não foi possível, pois a equipe criativa inventou um idioma próprio para a mitologia da série, ponto para a Japan Studios.
A cidade de Hekseville pode ser explorada do jeito que você quiser, como se fosse um mundo aberto. Mas apesar disso, o jogo segue uma história linear que aos poucos vai se desenvolvendo. Acredite, você pode achar tudo meio monótono no início, mas depois que a história se desenvolver, você não vai conseguir deixar de acompanhar.
Estilo fabuloso
A primeira coisa que te fisgará no jogo são os seus belíssimos gráficos. O layoutinteiro é sensacional, com um cel shading muito bem feito. É deslumbrante poder perambular por uma cidade tão bonita e com cores tão vivas. Os personagens também foram muito bem construídos.Mas o que dá um charme a mais e deixa o jogo sensacional são as cenas em forma de quadrinho interativo. Foi a primeira vez que vi uma ideia tão inovadora e interessante. À medida que você avança o diálogo, novos quadrinhos animados aparecem, como se você estivesse folheando um gibi. E o mais interessante é que você pode interagir com os quadros, seja movimentando o Vita para cima ou para os lados, o que dá uma sensação de profundidade muito agradável. Em outras palavras, você pode literalmente virar o portátil e perceber outros elementos da cena.
Nem tudo são flores ao brincar com a gravidade
Assim como o título deixa a entender, a grande sacada do game é controlar a gravidade. Ao apertar o botão R, Kat levita e distorce a ação gravitacional. Por meio de um sistema de mira, no melhor estilo fps, você escolhe onde ela pode ou não pisar, sendo inclusive possível alternar entre o chão, o céu e as paredes em poucos segundos. O bacana é que você pode mover tanto o analógico quanto o próprio portátil, é só apontar e se deslocar.Nem preciso dizer o quanto inovador é esse sistema de gravidade, poder inverter as leis da física é uma ideia muito bacana. No começo, tudo é novidade e os controles são um pouco difíceis de se acostumar. Dessa forma, não fique com raiva ao ter que repetir uma ação mais de uma vez. Leva tempo até você pegar o jeito.
É uma pena que a mecânica não foi tão bem desenvolvida assim. Por exemplo, em um dos power ups, Kat pode deslizar pelas paredes. O problema é que para executar a ação, você precisa mover o portátil, ação responsável por controlar a câmera. O resultado é uma confusão só.
Por mais que o ideia tenha sido muito bem planejada, na prática a história é outra. Os controles muitas vezes são confusos e, nos momentos mais importantes, atrapalham mais do que ajudam.
Infelizmente, o combate também sofre de problemas. Pelo caminho, você enfrentará uma infinidade de criaturas chamadas Nevi. Apesar das diferentes formas, você pode contar no dedo quais realmente causam problemas. Basta deslizar o dedo pela tela do Vita e Kat escapa dos ataques. Mas a dificuldade é, de longe, o menor dos problemas.
Ao enfrentar múltiplos inimigos de uma vez, obviamente, você deve fazer escolhas na hora de atacá-los. É nesse momento que o jogo peca de forma grotesca. O sistema de mira (se é que podemos chamá-lo assim) é absolutamente confuso, para não dizer mal feito. Por causa disso, é perfeitamente comum você tentar acertar um inimigo usando a gravidade, e sem mais nem menos ir parar a 20m dele. Ao enfrentar inimigos ágeis a situação piora, pois eles simplesmente somem da sua vista. E para ficar pior, os controles nem ao menos são customizáveis.
Peraí, isso de novo?
Outro grande problema do jogo é o seu caráter extremamente repetitivo. As lutas que o digam. Como eu disse, você vai encontrar muitas criaturas diferentes, mas as batalhas seguem sempre o mesmo roteiro: corra ou use a gravidade e bata neles até acabar. Isso, somado aos problemas de mira, tornam o jogo bem cansativo.Sem falar na irônica dualidade que marca o jogo: você tem bastante coisa a fazer e, ao mesmo tempo, nada que valha a pena repetir. Explicando melhor, além das missões que fazem parte da história, você também pode completar outros tipos de missões que se resumem ao seguinte: correr pela cidade tentando bater um recorde e derrotar um número X de inimigos no limite de tempo. Não espere mais do que isso, portanto, esqueça missões onde você deve ajudar determinado personagem secundário.
Esses minigames possuem um propósito, ao completá-los repetidas vezes você ganha cristais, os mesmos necessários para evoluir as habilidades de Kat. Para mim, isso nada mais é do que pura e simples preguiça em desenvolver novos conteúdos. No fim das contas, você tem que repetir mil vezes a mesma missão se quiser evoluir ao máximo uma habilidade. Nesse ponto, a Japan Studios pecou feio.
Expectativas de um começo tardio
Todos sabem que o Vita caminha sobre cacos de vidro. A carência de títulos inovadores é enorme. Felizmente temos aí uma bela surpresa. Arrisco-me ainda a dizer que se o portátil começar a receber títulos de peso, ao invés de apenas ports, ainda há esperanças de um longo e produtivo caminho pela frente.Apesar de alguns deslizes, Gravity Rush é um ótimo jogo, talvez o melhor até agora do Vita. É uma pena que o seu lançamento tardio tenha minado mais ainda a história do portátil. Se tivesse sido lançado em conjunto, a trajetória do Vita poderia ter sido bem diferente.
Prós
- História original e bem desenvolvida
- Mecânicas inovadoras e divertidas
- Layout magnífico
- Diálogos visualmente fantásticos
- Cai como uma luva para o Vita
Contras
- Falta de uma mira decente nas lutas
- Controles problemáticos
- Muito repetitivo
- Falta conteúdo
Gravity Rush – PlayStation Vita – Nota Final: 9.0Visual: 10 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 7.0 | Diversão: 9.0
0 comentários:
Postar um comentário